terça-feira, 29 de novembro de 2011

Locomotivamente


Próxima Estação:
Uruguaiana
Estação de trânsferência
Entre as linhas um e dois
Desembarque pelo lado direito

Observe atentamente o vão
Entre o trem e a plataforma
Acorde.
E observe:

Próxima estação:
a que estiver mais próxima
Estação de incoerência
Entre a cola e o caviar
Desembarque para o local mais seguro

Observe atentamente o vão
Entre o ser e o ter
Acorde.
E observe.

Próxima estação:
Que estação?
Está certo que a exigência
De atenção de sua parte
a fez desembarcar por baixo da composição

Observe atentamente o vão
Entre acordar e entender
Desperte.
E não aguarde a próxima estrofe:

Fim.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pequenos Enganos Viscerais


O estômago pensou ser coração
O intestino respirou oxigênio
para garantir o pulso
O coração, no auge do ciúme,
resolveu se rebelar

A poesia ferveu-o as artérias
Afrouxou-o dos pulmões
Correu por onde mais lhe cabia
Desceu a passos largos
Trombou nos cotovelos
Chegou às pontas dos dedos

No desespero da corrida
Nos encalços do percurso
Faltou-lhe o fôlego
Descobriu o mundo em volta
Esboçou reticências...
Travou na terceira estrofe.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Monossilábicas


Se pá vou lá
pra ver um pé
da luz de nós
no nó do mal
no ser do lar
nos trens de cá
nas mãos de ti
não ver um par

o fim de mim
não é tão só
que a paz que vem
pra te ver bem
sem leis nem réus
sem dó, nem fá
sem reis, nem céus
ir mais além:

romper o ver
se aproximar
suster os medos
se aventurar
ser dois, ser três
ser todos nós
desconcertar
de-so-be-de-cer